Como é bastante evidente nos dias de hoje, o nosso mundo está à beira de uma catástrofe de proporções gigantescas.
Para entender a origem da crise, vamos analisar os fundamentos da própria natureza.
Em toda a natureza, somente os seres humanos se relacionam entre si com intenções maliciosas. Nenhuma outra criatura prejudica, degrada ou explora as demais criaturas, diverte-se com a opressão ou desfruta da aflição dos outros.
O uso egoísta dos desejos humanos, com a intenção de se promover à custa dos outros, leva a um desequilíbrio perigoso com o mundo à nossa volta.
O egoísmo humano é a única força destrutiva com a capacidade de destruir a própria natureza.
O perigo para o mundo continuará até que mudemos nossa abordagem egoística em relação à sociedade.
O egoísmo de uma parte leva à morte do todo.
Observe do ponto de vista biológico.
Se a célula de um organismo vivo, começar a se relacionar egoisticamente com outras células, ela se torna cancerígena.
Tal célula começa a consumir as células vizinhas, sem ter consciência delas e das necessidades do organismo como um todo. A célula se divide e se multiplica livremente e, finalmente, extingue o corpo todo, inclusive ela mesma.
O mesmo se aplica ao egoísmo humano em relação à natureza.
Enquanto o egoísmo humano se desenvolver por si mesmo, separado do resto da natureza, e não como uma parte integrante dela, levará tudo à extinção, inclusive ele mesmo.
As células só podem existir, desenvolver-se, e multiplicar-se, interagindo uma com a outra, como um todo. Esta interação altruísta age em todos os seres, até mesmo nos corpos humanos, com exceção da mente humana.
O Criador nos deu a liberdade de escolha para que percebamos de forma plena a necessidade do altruísmo, e para que mantenhamos esta lei abrangente da natureza de forma voluntária – ou não.
Como é bem conhecido nos meios de comunicação, a globalização nos forçou a vermos o mundo como um todo interdependente. Pode parecer uma banalidade dizer que estamos todos conectados, mas, banal ou não, é verdade.
Também é verdade que muitas das desgraças do mundo se desenvolveram devido à interconexão das sociedades.
Da mesma forma se desenvolverão as soluções.
Elas só ocorrerão através da coexistência de todas as partes de natureza, em que cada parte trabalha para sustentar o sistema inteiro.
É evidente que o problema da humanidade é equilibrar os desejos excessivos de cada pessoa com a natureza, para se tornar uma parte integrante desta e agir como um único organismo.
O altruísmo é definido como o cuidado pelo bem-estar do nosso amigo.
Pesquisas sobre altruísmo revelam que ele não somente existe na natureza,
como é a própria base para a existência de toda a vida.
Um organismo vivo é aquele que recebe de seu ambiente e dá a ele.
Cada organismo engloba uma combinação de células e órgãos que trabalham
juntos e complementam-se uns aos outros, em perfeita harmonia.
Neste processo, as células são obrigadas a conceder, influenciar e ajudar umas às outras. A lei da integração entre as células e os órgãos, conforme o princípio altruísta do "um por todos", age em todo organismo vivo.
De modo oposto, diferentes elementos naturais, como plantas e animais, são compostas por diferentes medidas de um desejo a ser preenchido com poder, vitalidade e prazer.
A intensidade deste desejo cria os vários níveis da natureza: inanimado, vegetativo, animado e humano.
Não esqueça que todos os níveis — inanimado, vegetativo, animado e humano — existem dentro de cada elemento da natureza.
Até mesmo uma pedra tem uma parte humana nela, bem como as plantas e os animais.
O que determina a aparência exterior é o nível predominante neles.
Nos seres humanos, o nível predominante deve ser o nível humano, que por ser o mais elevado, controla todos os demais níveis.
Assim, podemos perceber o que acontece quando este nível funciona de forma errada. O nível humano é aquela parte em nós que tem livre escolha.
Se pudermos desenvolver em nós uma parte que esteja totalmente intacta do cálculo da auto-gratificação, seremos verdadeiramente livres — de nossos egos.
Alcançando a unidade da natureza sob o princípio do "um por todos", começamos a perceber a singularidade da humanidade e o seu lugar no mundo.
A peculiaridade dos seres humanos, comparada ao resto de natureza, reside no poder e na natureza dos desejos humanos, e na evolução contínua destes.
O altruísmo é a conexão para um propósito mais elevado que o elemento individual
no coletivo.
Com exceção dos seres humanos, toda natureza consome somente aquilo que precisa para o seu sustento.
Os seres humanos almejam mais comida, sexo e conforto físico do que precisam para viver.
Este estado é especialmente verdadeiro nos desejos que são exclusivamente humanos, na perseguição (infinita) por riqueza, poder, honra, fama e conhecimento.
Os desejos por coisas que são necessárias para existência não são considerados egoístas, mas sim naturais, porque surgem como ordens da natureza.
Estes desejos estão presentes no inanimado, vegetativo e animado, e também nos humanos.
Somente aqueles desejos humanos que excedem o que é necessário para a existência são egoístas.
Além do fato de que os desejos humanos crescem exponencialmente, eles incorporam o prazer por humilhar outras pessoas, ou por vê-las sofrerem.
Estes desejos são exclusivos à natureza humana, e são o verdadeiro egoísmo.
Enquanto não corrigirmos nosso egoismo, o mundo não pode ser verdadeiramente um lugar melhor.
Se nos focalizarmos em Deus , e não em nossos próprios desejos, finalmente O descobriremos, ao nos tornarmos como Ele.
Quando nos tornarmos como Ele, descobrimos que toda a Natureza já é como Ele, existindo em constante doação.
(Michael Laitman - Cabalista)
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